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Prêmio para pesquisa inédita sobre doença em cães

Rodrigo Otávio Silveira Silva, aluno do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e orientando do professor Francisco Lobato, desenvolveu pesquisa inédita sobre a doença intestinal causada por Clostridium difficile. Os estudos do pesquisador relataram o primeiro caso da ocorrência da doença em cães e equinos no Brasil e o primeiro relato no mundo de ocorrência em carnívoros silvestres. Graças a essa pesquisa, o aluno recebeu o prêmio Capes de Tese 2015. “O prêmio foi muito importante porque garantiu a renovação da minha bolsa e pelo reconhecimento da tese”, afirma o pesquisador.

A tese de doutorado de Rodrigo Silva, denominada Clostridium difficile: padronização e avaliação de métodos de diagnóstico, ocorrência em seres humanos e animais e desenvolvimento de um modelo experimental em hamster, foi a conclusão de um estudo sobre a bactéria Clostridium difficile que vinha sendo realizado desde o seu mestrado.

Durante a sua pesquisa, o aluno descobriu que a doença, que causa diarreia quando a microbiota intestinal sofre alterações, começou a acometer vários animais, além dos seres humanos. “Em animais a doença não tinha nenhum relato até então. No entanto, começou a ser a principal causa de diarreia em suínos novos no exterior, pincipalmente nos EUA e na Europa. Mesmo assim, os produtores do Brasil negavam a existência dessa doença aqui”, afirma Rodrigo.

Doença no Brasil

Durante o mestrado, Rodrigo descobriu que a doença existia no Brasil e que ela era a principal causa de diarreia em suínos. No doutorado, o aluno pesquisou a ocorrência da doença em cães e equinos. “Fomos os primeiros a relatar a ocorrência nesses animais aqui no Brasil”, destaca ele. A partir desses resultados, o pesquisador começou a trabalhar no Hospital das Clínicas da UFMG submetendo pacientes do Hospital com diarreia aos testes comerciais de diagnóstico.

A conclusão à qual chegou foi de que os métodos de diagnóstico utilizados eram ineficientes para detectar os pacientes com Clostridium difficile. “A forma como a doença se disseminava no hospital era por um diagnostico não efetivo”, explica Rodrigo. Depois da identificação da ineficácia dos métodos de diagnóstico de humanos, o pesquisador também submeteu equinos e suínos a testes comerciais para verificar as melhores formas de diagnóstico nesses animais.

Ainda no seu doutorado, após o estudo das formas de diagnóstico, Rodrigo começou a avaliar animais de vida livre para verificar a existência natural do Clostridium difficile neles. “O que queríamos ver não era se a doença causava diarreia, mas se esses animais saudáveis que estavam no seu ambiente natural tinham a bactéria sem apresentar os sintomas”, complementa o pesquisador.

Animais silvestres

Durante essa fase da pesquisa, Rodrigo coletou amostras de animais silvestres e os testes deixaram claro que a doença não existe no ambiente natural desses animais, mas que se eles passam a tomar antimicrobianos também ficam susceptíveis. “Foi o primeiro relato no mundo de um carnívoro silvestre com a doença”, explica Rodrigo.

Com o intuito de realizar análises moleculares em amostras de animais silvestres, Rodrigo Silva fez doutorado sanduíche na University of Copenhagen, na Dinamarca. Seu estudo demonstrou que as amostras de animais eram semelhantes às de humanos, sugerindo que a doença poderia se tratar de uma zoonose – doença que pode ser transmitida aos seres humanos pelos animais.

Uma vez estudados o diagnóstico e a epidemiologia, Rodrigo focou no desenvolvimento de um modelo experimental para estudos com possíveis vacinas para a doença. “Padronizei um modelo de infecção da doença em hamsters de laboratório. Resumindo, demonstramos a possibilidade de induzir a doença nesses animais de forma bastante semelhante ao que acontece naturalmente em um paciente humano em um hospital. Esse modelo nos permite testar uma vacina a partir da reação de defesa do corpo dos animais que receberam a bactéria”, explica. O desenvolvimento desse modelo experimental foi a última etapa do doutorado de Rodrigo, que lhe conferiu o Prêmio da Capes.

Benefícios da pesquisa

Apesar das dificuldades enfrentadas, os benefícios alcançados por essa pesquisa foram de grande importância para a comunidade e para o meio acadêmico. Segundo Rodrigo, “mudou a forma dos médicos de pensar a infecção causada pelo difficile nos hospitais, mostrou que os métodos de diagnóstico vigentes não eram muito eficazes e alertou para a necessidade de outros estudos”.

Além dos benefícios para os seres humanos, a pesquisa também trouxe descobertas para as outras espécies. “Nas outras espécies o ganho foi até maior do que em humanos, descobrimos que a doença existia no país. Em leitões, não só descobrimos como também mostramos que ela é a principal causa da diarreia, isso mudou a visão dos patologistas e dos médicos veterinários”, afirma o pesquisador.

A pesquisa de Rodrigo está servindo como base para estudos de outros alunos da UFMG. A eficácia da vacina agora está sendo testada em leitões por um doutorando da Escola de Veterinária e um aluno de doutorado da Faculdade de Medicina está estudando novos métodos de diagnóstico da doença em pacientes, tendo em vista as fragilidades encontradas por Rodrigo. Atualmente, Rodrigo está realizando pós-doutorado no Laboratório de Anaeróbios da Escola de Veterinária, estudando métodos efetivos de vacinação de leitões.

Fonte: UFMG

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